ATA DA
TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 12.05.1987.
Aos doze dias
do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Trigésima Sétima Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da
Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Trigésima Sexta Sessão
Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA
foram encaminhados: pela Ver.ª Jussara Cony, 02 Pedidos de Informações, acerca
dos gastos na rubrica Publicidade e Divulgação no período de janeiro/86 a
março/87, discriminando os valores pagos a cada empresa e os serviços prestados
à Centralizada, DMAE, DEMHAB e DMLU; acerca dos profissionais contratados
através do instrumento Carta-Contrato na Centralizada, DEMHAB, DMAE e DMLU, dos
servidores da Fundação Educacional, Social e Comunitária e dos pagamentos
efetuados através do art. 111 da Lei Complementar n.º 133/85, no exercício de
86 e 87. Do EXPEDIENTE constaram: Ofício-Circular n.º 07/87, do Sr. Presidente
da Câmara Municipal de Cachoeira do Sul, RS; Telex do Sr. Prefeito Municipal.
Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Raul Casa, criticando a política da Nova República para
a área da saúde, falou sobre o Posto do INPS da Vila IAPI, destacando a
precária situação daquele Posto, que se encontra com grande carência de ordem
material e pessoal, tendo ocorrido, inclusive, a desativação do serviço de
atendimento de urgência do local. A Ver.ª Teresinha Irigaray comentou notícia
publicada no jornal Zero Hora de domingo passado, onde é declarado que a
comunidade do Bairro Ipiranga não deseja a construção, ali, de uma escola
especial para crianças deficientes. Analisou as dificuldades enfrentadas pelos
menores deficientes no País, lamentando o posicionamento assumido pelo presidente
da Associação Comunitária do Bairro Ipiranga a respeito. O Ver. Adão Eliseu
falou sobre declarações do Sr. Davi de Oliveira, presidente da Faspers, de que
a Brigada Militar teria recebido aumento de vencimentos enquanto o
funcionalismo público ainda não teve cumprida a lei que reajusta seus salários,
salientando a inveracidade desta afirmativa e esclarecendo a questão. Teceu
comentários acerca do trabalho realizado pela Brigada Militar no Estado, em
especial durante as constantes greves que se observam no Rio Grande do Sul. O
Ver. Aranha Filho discorreu sobre o quadro econômico apresentado pelo Brasil,
salientando que a atual situação não propicia investimentos nas linhas
produtivas mas, pelo contrário, tem ocasionado a retirada de capital das empresas
e sua colocação em títulos financeiros regulados pelos altos juros vigentes no
País. Solicitou ao Executivo Municipal que busque uma reabertura do diálogo com
os funcionários municipais, analisando a greve que vem sendo empreendida pela
categoria. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Kenny Braga, dizendo que a greve é
um direito universal dos trabalhadores mas não pode ser guiada por interesses
político-partidários, comentou o movimento que vem sendo realizado pelos
servidores públicos municipais, analisando o assunto. O Ver. Frederico Barbosa
comentou declarações feitas mês passado, pelo Secretário Municipal da Indústria
e Comércio, Ver. Nereu D'Ávila, de que até o fim do mês de abril seriam
resolvidos os problemas do Centro da Cidade, destacando que a data marcada por
S.Exa. já transcorreu e que nada foi feito para modificar a situação hoje vista
no Centro de Porto Alegre. E o Ver. Hermes Dutra discorreu sobre a taxa de
“over night”, que atingiu quarenta e cinco por cento ao mês, salientando que
nunca foi alcançado um índice tão alto e analisando as conseqüências que isso
acarretará. Solicitou ao PDT que busque soluções urgentes e necessárias para a
greve dos funcionários municipais, falando sobre os problemas decorrentes da
questão. Às quinze horas e trinta minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr.
Presidente levantou os trabalhos convidando os Senhores Vereadores para a
Sessão Solene, a seguir, em homenagem ao 60º aniversário de fundação da
Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Gladis Mantelli e secretariados
pelos Vereadores Frederico Barbosa e Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis
Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida
e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Passaremos ao período de
Com a palavra, o Ver. Raul
Casa, por permuta de tempo com o Ver. Aranha Filho.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, agradeço ao ilustre Ver. Aranha Filho a permuta de tempo no período de Comunicações.
Entre as primeiras manifestações que fiz ao assumir esta Casa, e que na
época obteve grande repercussão, foi a que me manifestei sobre a situação do
famoso Postão, o Posto do INPS na Vila do IAPI. Na época esta Casa constituiu
uma Comissão para se verificar o que realmente acontecia naquele local de
atendimento público, quando nos chegavam informações sobre o fechamento do
Setor de Urgência e que atendia, como continua atendendo, toda a Zona Norte,
não apenas da nossa Capital, mas também da Grande Porto Alegre. Felizmente,
depois de uma longa e árdua campanha, conseguimos do Sr. Superintendente do
INPS uma manifestação no sentido de que, embora as dificuldades da época, aquele
Setor, fundamental para o atendimento da nossa população, não seria fechado.
Realmente, continuou a funcionar o serviço de urgência do Postão. Ocorre que,
com esta malfadada política de saúde da nova República, recrudesce novamente a
onda de não apenas um deficiente atendimento, mas a informação de que aquele
Setor, vital para o atendimento da população da Zona Norte da nossa Capital e
da Grande Porto Alegre, novamente será fechado.
Ora, recebi informações muito graves e muito sérias sobre a precariedade
da situação daquele posto. É um posto de urgência e, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, não possui seringas, não possui medicação de qualquer espécie, não
possui material para curativos, não possui ataduras, algodão e médico em número
estritamente o necessário. Simplesmente, Ver. Aranha Filho, o serviço de
urgência do Postão está de fato desativado e, o pior, colocando em risco esta
pobre gente que está ali a buscar socorro. A situação atual é de verdadeira
calamidade. Imaginava-se que com ao advento da Nova República, com a instalação
de uma política voltada aos interesses da população, e já possui dois anos,
a situação pudesse melhorar; contudo,
pelo contrário, piorou, e muito. A situação é realmente de verdadeira calamidade,
já que se pretende desviar o atendimento desse serviço há tantos anos ali
funcionando, se pretende, como disse, desviar para o Hospital Conceição e para
Hospital Cristo Redentor. Como naquela época obtivemos do Sr. Superintendente
do INPS a garantia de que o serviço não seria fechado, e até melhorado, e vemos
hoje a absoluta precariedade com que funciona, novamente pretendemos apelar, de
forma a mais veemente, para que a população carente da Zona Norte não se veja
privada deste serviço ali existente. Há também sérios boatos sobre a suspensão
dos serviços para a classe patronal ali instalada, o que, sem dúvida, redundará
em mais um desserviço que o sistema previdenciário e assistencial do Governo
Federal oferece à população de Porto Alegre. Não é crível que num serviço de
urgência não existam sequer seringas, algodão. É o caos absoluto, que reflete a
verdadeira situação em que se encontra a assistência médica no País.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, presto muita atenção no pronunciamento
de V.Exa., não só pelo alcance social que representa, mas também pela condição
de liderança de V.Exa., e, realmente, o que V.Exa. relata a esta Câmara de
Vereadores é por demais grave. Numa simples análise podemos verificar que não
resta mais nada neste serviço de urgência do Postão, mas não é só a população
de Porto Alegre que sofre, mas a comunidade em torno, e ai cito Cachoeirinha,
Gravataí, Alvorada e tantas outras que dependem do Postão. E não é também
exatamente isto que prega o sistema integrado de saúde, que o atendimento de
urgência seria espraiado sob a orientação do Pronto Socorro. Não é exatamente
isso que nós estamos vendo. A idéia inicial era, isto sim, fazer com que os
diversos hospitais de Porto Alegre e da Grande Porto Alegre usassem as rotinas
médicas do Hospital de Pronto Socorro, não que eles assumissem o controle do
atendimento de urgência, que cada hospital tivesse um serviço especial; não,
mas seriam utilizadas as rotinas médicas do Hospital de Pronto Socorro. E, na
condição de Vice-Presidente da Comissão de Saúde desta Casa, eu me antecipo a
V.Exa. dizendo que nós tomaremos providências nesse sentido, tentando convidar
o Superintendente da área do Governo Federal, representada aqui no Rio Grande
do Sul, para que esta Câmara o escute atentamente a fim de que uma pressão
política possa ocorrer.
O SR. RAUL CASA: Incorporo com muito agrado
e com entusiasmo o aparte de V.Exa., esperando que, como membro atuante da
Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Casa, atualmente, ainda, na Vice-Presidência,
tome as providências urgentes e faça sentir a este setor que a Câmara Municipal
de Porto Alegre está atenta a este gravíssimo problema que se abate sobre os
moradores da Zona Norte, isto é, um posto de urgência que não tem, sequer,
algodão para passar no ferimento, sem falar no equipamento técnico e humano. É,
realmente, o retrato da assistência social no País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A próxima oradora inscrita
é a Ver.ª Ana Godoy. Ausente. Com a palavra, a Ver.ª Teresinha Irigaray, por
transposição de tempo com o Ver. Adão Eliseu.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, uma notícia um pouco preocupante que saiu no noticiário de domingo,
e que não tivemos ainda a oportunidade de debater nesta Casa e sobre a qual não
foi feita sequer uma menção a respeito, é a de que o Bairro Ipiranga não quer
que seja implantada uma escola especial, o que a mim entristece muito. O Bairro
Ipiranga, através da palavra do CECOBI - Centro Comunitário do Bairro Ipiranga
-, talvez não tenha se feito entender direito. Diz que não quer a proposição
feita pela SMEC, através da Secretária Neuza Canabarro, que implante ali um
CIEMS, uma escola especial para deficientes mentais treináveis. Eu fico
pensando, partindo de uma triste realidade, que a criança com deficiência
sempre é considerada dentro da sociedade como “bode expiatório”, mas, quando é
oferecida a essa criança, de mão beijada, uma comunidade para que a mesma seja
readaptada, treinada e reconduzida ao contexto normal e igual ao de outras
crianças, existe uma recusa por parte do Presidente da Associação da Comunidade
do Bairro Ipiranga, que diz que o CECOBI não pode ficar atrelado à SMEC, dentro
de uma educação formal que iria desviar o real destino da fundação, que é
propiciar área de lazer para a comunidade. Mas isso é um absurdo! Acho que,
nessa hora, a comunidade deve estar unida em torno de um projeto que vai
beneficiar, Ver. Comin, a todas aquelas crianças deficientes mentais
treináveis, que poderão ser readaptadas, utilizadas e poderão viver dentro de
um contexto normal, sadio e mais positivo. Estas crianças hoje estão reduzidas
a uma situação precária. O projeto oferecido pela SMEC é um projeto que vai
propiciar que essas crianças utilizem a área do CECOBI, que é o melhor
aparelhado em infra-estrutura. O CECOBI possui piscina térmica. É o único
centro, dos dez que nós dispomos, que possui água térmica para que as crianças
possam ser treinadas. Eu até acredito que, ao expor em jornal, numa manchete
tão grande, o Presidente o Conselho, Alberi Soares Rodrigues, não deu o seu
verdadeiro sentido. O objetivo desta entrevista talvez encubra outras coisas.
Parece-me que um Presidente de Centro Comunitário, ao entravar um projeto de
educação, um projeto participativo, fala quase que uma linguagem elitista. Mas
nós não queremos isto. A comunidade e o
Governo Alceu Collares devem ter ações participativas. Na nossa campanha
eleitoral sempre pregamos que a nossa meta prioritária era a criança e que a
educação, na Administração Alceu Collares, tinha não só prioridade, como devia
ser altamente abrangente. Foi assim no Projeto Nenhuma Criança sem Escola, do
qual participei e durante o qual desfilamos, dia após dia, noite após noite,
numa constante busca para o atendimento de todas as crianças sem escola de
Porto Alegre. Neste momento, como Vereadora de Porto Alegre, estou surpresa ao
constatar uma nota destas, que vem jogar água fria num projeto que é oferecido,
de mão beijada, para toda uma fundação, para toda uma comunidade. Diz o
Presidente: “Nós sugerimos que este CIEMS para crianças especiais fosse
construído em outro local, em frente ao CECOBI, em outra área livre que temos
ali”. E por que não ali, se já foi construída, se já foi edificada, se já há
uma estrutura pronta para escolher estas crianças? Anda mal este Presidente!
Mal anda o Presidente de um Conselho, representante de uma comunidade, quando
nós sabemos que houve uma pesquisa de campo, com 90% de votos favoráveis a que
fosse implantada ali a escola especial para treinamento de crianças
consideradas, dentro da educação, como especiais. Até classifico como os
demais. Acho que é um ato de egoísmo desses Centros Comunitários não atender as
crianças. Acho egoísta, atitude elitista, atitude que não é inerente de um líder,
que não pode ser dada como última palavra a um Presidente de Conselho. Ele tem
que ouvir a sua comunidade, ele tem que
aceitar o projeto, porque o projeto vai favorecer a sua área comunitária.
Então, só querem áreas de lazer, só querem brincar, só querem passear, só
querem nadar na bela piscina térmica? E as crianças? E os menores que precisam
e aqueles que são reabilitados, que poderão vir a formar o contexto das
crianças aptas para a sociedade? Que egoísmo dessa gente! E quando a gente
pensa que é gente de classe média baixa não dá para acreditar! Isso é um ato de
crueldade para a implantação de uma escola especial para atendimento dessas
crianças. Nós sabemos que existem 36 milhões de menores marginalizados neste
País. Sabemos das dificuldades que nós temos para poder encampar, na área de
educação, as crianças dentro das escolas, e quando é oferecido, através de um
projeto, através da idéia da implantação de um CIEMS, é recusado verbalmente e
vai para o jornal, ainda, justificar uma atitude elitista, uma atitude
autocrata, uma atitude que não condiz com os nossos dias de miséria e de
dificuldade que passamos neste País.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereadora, eu queria me somar ao seu pronunciamento e
dizer que tive uma participação muito ativa na instalação deste primeiro Centro
Comunitário que se inaugurou em Porto Alegre. Na época, visitou Porto Alegre
quem viria a ser, depois, o treinador de equipe de futebol do Brasil, um
técnico em educação, o falecido Cláudio Coutinho. Passamos uma tarde lá e ele
disse que não tinha visto nada parecido no País nesta matéria, mas que achava
ali uma deficiência, pois deveria haver também uma área para crianças
reabilitadas e ele só tinha visto algo parecido na Rússia e na Alemanha, que
são os países, sabidamente, que mais se dedicam à criança. Então, V.Exa. tem
toda a razão, e eu me recordo com muita emoção daquela tarde que passamos neste
Centro Comunitário, já que tive uma participação muito ativa na sua
implantação, e realmente V.Exa. tem toda a razão: seria um acréscimo, e jamais
uma diminuição a este Centro, se pudesse, realmente, se contar com esta área.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Agradeço o aparte de
V.Exa., Ver. Raul Casa, e todos os Vereadores que estão nos ouvindo tenho
certeza de que chegaram a esta conclusão. Realmente, como eu disse no princípio
do meu pronunciamento, toda criança deficiente é um dobe expiatório na nossa
sociedade, mas compete, Ver. Raul Casa, à comunidade integrar este indivíduo.
Se lhe é oferecida esta oportunidade, ela não pode pôr fora, de jeito nenhum.
Então, este primeiro entrave, esta primeira batalha que a Secretaria Municipal
de Educação e Cultura, através de sua titular Neuza Canabarro, está tendo, não
pode constituir motivo para que haja recuo desta idéia. Terá e deverá ser
implantada no CECOBI a escola especial para as crianças doentes treináveis,
aquelas crianças que poderão ser consideradas aptas para a sociedade, porque,
Ver. Raul Casa e Vereadores da Casa, a educação especial da criança está
inserida no contexto da educação básica necessária. É preciso, é humano, é
social que estejamos atentos para isso. A educação especial não pode, não deve
ser recusada, não pode ser desprezada, não pode ser discriminada da maneira
como foi por esta recusa. Eu volto a insistir: ou o presidente do CECOBI está
enganado ao dar esta afirmativa, ao dizer que iria se atrelar a uma educação
formal e que não abriria mão da sua área de lazer, ou ele está mal informado ou
está mal intencionado. Eu não tenho medo de dizer isto e nem conheço este
cidadão. Agora, acho, acredito e quero crer que ele seja mal-informado, porque
desprezar o projeto da implantação de uma educação especial no seu Centro, na
sua comunidade, é um ato de elitismo, é um ato de crueldade, é um ato de
insanidade contra as crianças de Porto Alegre, contra as crianças doentes de
Porto Alegre.
Voltaremos ao assunto. Temos que pensar, porque é um assunto que esta
Casa deverá debater, porque educação em primeiro lugar, e ele está em
prioridade dentro dos nossos sentimentos, do nosso coração e da nossa razão.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Werner Becker. Ausente. Com a palavra, o Ver. Adão Eliseu.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
o que me traz à tribuna nesta tarde refere-se a uma notícia sobre a opinião do
Presidente na FASPERS, Davi de Oliveira, que está a estranhar que a Brigada
Militar teria recebido aumento de vencimentos enquanto o funcionalismo público
estaria, como todos sabem, sem receber o aumento oriundo do cumprimento da lei
votada pela Assembléia Estadual no ano passado e sancionada pelo Governo Jair
Soares. O que consta, e nós temos conhecimento disto e é por isso que viemos à
tribuna, para dar uma explicação aos Vereadores, aos munícipes, é que a Brigada
recebeu, realmente, não aumento de vencimentos; a Brigada recebeu reajuste a
partir de 15 dar março referente às vantagens previstas na Lei 8.198, de
novembro de 86. Foi o reajuste do adicional de risco de vida. Passou de 25 para
35% sobre o vencimento básico, e a transformação do qüinqüênio em triênio, o
que resulta em 5% sobre o básico. A situação dos policiais militares do Rio
Grande do Sul é a mesma do funcionalismo estadual. Não receberam aumento no ano
de 1986. Na verdade, o trabalho da Brigada Militar aumentou, principalmente em
Porto Alegre, com a greve dos municipários, com a greve dos professores, enfim,
com todas as greves que estão ocorrendo em nosso Estado. E, no momento em que a
Brigada Militar realiza um excelente trabalho em torno da segurança pública do
Estado no sentido de preencher as lacunas deixadas com a greve dos policiais
civis do Estado e ficando assoberbada de serviço, vimos à tribuna para
ressaltar esse excelente trabalho que está sendo realizado pela Brigada Militar
em todo o Estado no momento em que as dificuldades em torno da segurança são as
mais volumosas possíveis. Os problemas sociais e econômicos de nosso País fazem
com que o crime progrida, fazem com que o crime acompanhe a caminhada do
progresso humano, do progresso da nossa sociedade, se é que a Nova República
trouxe algum progresso para o nosso País.
O Sr. Artur Zanella: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu compreendo a angústia de V.Exa. com essas notícias
equivocadas, essas confusões todas que ocorrem, mas isso é um reflexo da fase
que estamos passado. Ontem, eu ouvia o meu querido amigo Dr. Manoel André da
Rocha dizendo que era inconstitucional qualquer vinculação salarial com
qualquer coisa, e seria argüido, e ele, falando isso, não se lembrava que o seu
salário, então, seria inconstitucional, porque ele, como Procurador do Estado,
está ligado à Magistratura. O salário do Governador do Estado está ligado ao
salário do Presidente, o nosso salário está ligado ao salário do Deputado
Estadual, que está ligado ao do Deputado Federal, e por aí vai. O Secretário de
Estado ganha igual a Desembargador. Então, há uma indexação total e balbúrdia é
tal, que o mesmo o Governador do Estado que propõe uma ação de inconstitucionalidade
para determinadas leis há meia-dúzia de dias apresentou um projeto que diz que
essas leis ficam em suspenso por dois anos. Quer dizer: elas são
inconstitucionais agora, daqui a dois anos não são mais. Inclusive, as coisas
ocorrem de uma forma interessante, pois eu vejo que quem está argüindo esta
inconstitucionalidade é a Dona Magda Ialovitch - saiu no jornal de hoje. É a
Dona Magda Brossard de Souza Pinto, solteira, e hoje, como casada, Ialovitch,
que está representando o Estado. É a própria filha do Ministro da Justiça, que
provavelmente sabia desta inconstitucionalidade, se é que ela existe. Está em
Brasília, permanece em Brasília, propondo a inconstitucionalidade pelo próprio
partido de V.Exa., como ex-indicadas, como é o caso das diretoras. Então, toda
esta confusão com a Brigada se justifica por toda esta confusão que foi
instaurada a partir do dia 15 de março deste ano.
O SR. ADÃO ELISEU: Exatamente. O Estado, como
de resto todo o nosso País, vive um momento de confusão. Vive momentos de
incertezas, vive momentos em que as Forças Armadas já começam a se pronunciar,
a se referir ao momento político nacional. É o momento de esquentar os motores,
como diz o Ver. Zanella. Ora, Senhores, pois neste momento em que a sociedade
brasileira vive estes momentos de incertezas, vive momentos que precedem a suam
tormenta, vive momentos onde não se sabe como será o dia de amanhã, a Brigada
Militar está atuando muito bem. E é bom que se ressalte porque, quando comete
erros, também viemos, e outros Vereadores têm vindo, a esta tribuna para marcar
o momento difícil, momentos ruins. Nós viemos, nesses momentos, ressaltar os
relevantes serviços que a Brigada Militar está prestando ao Estado do Rio
Grande do Sul, seja em conseqüência das greves, da greve da Polícia Civil,
justa, por sinal, da greve dos funcionários estaduais, também justa, enfim, em
torno de todas as greves, o que não deixa de ser uma violência, mas é realmente
uma violência necessária contra outra violência que é encetada e continuada
pelo Governo Estadual como de resto pelo Governo Federal. Nestes momentos
difíceis, nestes momentos em que o Estado poderia ficar desguarnecido, em que
os brigadianos têm as mesmas razões, as mesmas condições do funcionalismo civil
para também entrar em greve, estão em benefício da sociedade rio-grandense,
sustentando, por assim dizer, a segurança do cidadão em nosso Estado. E é bom
que o Governo do Estado preste atenção às questões da segurança pública do
Estado, que olhe para as inquietações da Polícia Civil e que não deixe de olhar
para as inquietudes dos PMs da Brigada Militar, que de uma hora para outra, no
momento em que não suportem mais as agruras dos problemas do aumento de preços
de todos os gêneros alimentícios, das agruras do aumento do custo de vida, é bom
que o Governo do Estado possa, de uma vez por todas, prestar mais atenção a
todo funcionalismo estadual, especialmente à segurança pública, que se resume
na Polícia Civil e na Brigada Militar. Nós viemos, então, Srs. Vereadores, a
esta tribuna para registrar o momento de esplendor, o momento bom, o momento de
ouro que vive a Brigada Militar, que, como todos policias, como todos os civis,
funcionários, professores, apesar de todos os problemas que enfrenta, não
deixou de cumprir com as suas obrigações para com o cidadão rio-grandense pesar
de não ter recebido aumento, como todos os funcionários estaduais, professores,
etc. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, o Ver. Aranha Filho em Comunicações.
O SR. ARANHA FILHO: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Usando desse tempo de Comunicações, gostaria, inicialmente, de
abordar o tempo de Presidência do Ver. Brochado da Rocha na tarde de ontem. O
Ver. Brochado da Rocha fez uma ampla análise principalmente no que se refere
aos contornos da economia, aos contornos da problemática que está vivendo no
nosso País, numa nítida impressão de desgoverno principalmente na área da
economia.
Eu gostaria de deixar registrado que eu não retiro daquele
pronunciamento sequer uma vírgula, mas fez com que esse Vereador e - calculo -
os demais Vereadores dessa Casa fizessem uma ampla análise. Calculo que foi por
isso mesmo que o Vereador ocupou a tribuna a respeito desse assunto, de suas
correlações nesta questão de desgoverno e, principalmente, na área econômica, a
que estamos vivenciando. Mas seria o caso, caro Ver. Brochado da Rocha e Líder
do PDT, Ver. Cleom Guatimozim, de tentar saber o que veio antes - o ovo ou a
galinha.
Hoje, abrimos os jornais e vemos que o “over night” alcançou o incrível
percentual de 46%, mas, se nós imaginarmos e nos detivermos nesse assunto da
economia, louco é aquele cidadão da iniciativa privada que tentou ampliar o seu
negócio na tentativa de colocar produtos nas prateleiras e efetuar, conseqüentemente,
as suas vendas. Louco é o cidadão que tentar, com suas próprias forças ou com o
produto do seu negócio, ampliar esse mesmo negócio. Bem mais fácil é aplicar
esse seu capital em “over night” e outros processos em que nós já estamos
verificando a extensão de lucro a que os especuladores estão sujeitos. Mas é
justamente aí, Ver. Brochado da Rocha, que nós começamos a avaliar o quadro e
entender que nada mais justo do que este mesmo cidadão da livre iniciativa
fazer exatamente o que está fazendo: investir onde lhe dá mais capital. Eu
diria que burro, mentecapto é aquele que assim não o faz. Estaria simplesmente
rasgando dinheiro. Então, eu pergunto: o que veio primeiro - o ovo ou a
galinha? São os juros? Absolutamente, não são os juros. Então, nós começamos, a
partir de agora, ou talvez a partir de ontem, nesta Casa, a tentar dialogar,
trocar idéias e, principalmente, tentar uma imagem de causa ou efeito. De causa
e efeito. Os juros, na realidade, são causa ou efeito? Ora, em meu entender,
efeito. A causa é a inflação. Então, se nós formos analisar, numa visão macro,
o que se quer fazer ou do porquê de os juros estarem elevados, a causa é, não
restam dúvidas, a inflação. Mas que grande oportunidade perderam os políticos e
os mentores da política, no ano que passou, quando do Cruzado I, quando 99% da
população estava afeita aos grandes choques, estava, inclusive, aceitando
passivamente o que era oferecido em torno do congelamento de preços e em torno
de uma economia, pelo menos, aceitável, de inflação zero.
O Sr. Brochado da Rocha: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. estava falando exatamente quando tocava na
iniciativa privada e ao mesmo tempo estabelecia uma interrogação sobre causa e
efeito. Queria dizer a V.Exa., em seu discurso, que uma das coisas de que o
País é dono, país-governo, é do dinheiro. E este mesmo Governo, sendo dono do
dinheiro, emprestou, ainda ontem e hoje, seus títulos a médio e curto prazos
com juros altíssimos. Tomou do mercado com juros altíssimos. Eu diria a V.Exa.
que o Sr. Ministro da Fazenda tinha uma crônica semanal num jornal de São Paulo
e anunciou congelamento. Quer dizer: o Ministro era Ministro antes de ser
Ministro, porque anunciava o congelamento. E, aí, o que aconteceu é que todos
tocaram os preços para cima esperando o congelamento. Afinal, o discurso do
Ministro era um e agora o Ministro é outro. E eu respondo a V.Exa. uma questão
que V.Exa. estava perguntando a si próprio e a todos: fundamentalmente, eu acho
que o Governo é o culpado da inflação e ele está acelerando o carro da
inflação.
O SR. ARANHA FILHO: Exatamente neste sentido a
análise que eu estava tentando colocar à apreciação até para dialogar. Era
exatamente a análise de que incrível oportunidade perdeu o Governo, ano que
passou, quando do Cruzado I, porque não fez alterações necessárias e exigidas
no Cruzado II.
O Sr. Brochado da Rocha: Mas, Vereador, agora ele
está fazendo de novo o processo acelerativo.
O SR. ARANHA FILHO: Acelerativo. Perfeito,
nobre Vereador. Inclusive eu chamo a atenção de que o mesmo Ministro a que
V.Exa. se referiu anunciava, também, que não haveria mais desvalorização e
houve.
O Sr. Brochado da Rocha: Este Ministro pregava uma
maxivalorização. E aí está o problema. Mas ele não previa esta máxima ordem de
7%; ele propunha 20%, 30%, e está todo mundo esperando isso.
O SR. ARANHA FILHO: Exatamente. Veja, Ver.
Brochado da Rocha, Ver. Cleom Guatimozim, Líder do Partido Democrático
Trabalhista, onde nós estamos tentando, nesta análise, chegar: a uma idéia que
possa ser levantada por esta Casa. De imediato, eu peço licença ao meu Líder
Ver. Raul Casa e ao Ver. Frederico Barbosa para que nós, da Frente Liberal,
encaminhemos, imediatamente, um telex ao Senador Carlos Chiarelli na tentativa
de, mais uma vez, tentar interferir nos negócios da economia do nosso País. Se
necessário for, até o rompimento definitivo com o Governo Federal.
Mas o objetivo maior desta análise, Ver. Cleom Guatimozim, era de nós
nos perguntarmos, também, o porquê destas greves todas. Podemos ver, ao abrir
os jornais e escutar os noticiosos, esta loucura dos juros e do rendimento do
“over night” e, ao mesmo tempo, vemos, na coluna ao lado, o estado de greve em
que estão diversas categorias. Diante de tudo isso, nos perguntamos se é
direito ou não dos trabalhadores estarem em greve. E, nesse sentido, Ver. Cleom
Guatimozim, em meu nome pessoal, faço um apelo a V.Exa. - e que transmita ao
Sr. Prefeito Municipal Alceu Collares - para que tente reabrir um diálogo com
os funcionários públicos municipais com o objetivo de ceder um pouco em suas
reivindicações, porque se sabe que os assalariados deste País, 95% deles, estão
vendo, dia a dia, os seus salários serem carcomidos, corroídos por esta
inflação louca e por esses juros absurdos. Que tente, inicialmente, nobre
Vereador, na área dos serviços essenciais, como o abastecimento de água, em
nível de iluminação e, enfim, todos aqueles atendimentos entendidos como
essenciais em nossa Capital.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de dizer que hoje à tarde, às 16 horas, as
lideranças dos partidos desta Casa, a Mesa e a AMPA estarão se encontrando com
o Sr. Prefeito Municipal. Creio que o clima é até otimista, pelas manifestações
e pela boa vontade com que V.Exa. manifestou interesse em receber. Espero que
V.Exa. seja sensível a este apelo que, sem dúvida nenhuma, retrata aquilo que
pretendemos e imaginamos como partido, deva acontecer em Porto Alegre.
O SR. ARANHA FILHO: Meu caro Ver. Raul Casa,
recebo neste aparte um ânimo maior, onde eu pediria, nobre Vereador Líder do
PFL, que levasse a posição de nossa bancada. Inclusive, pediria a V.Exa. que
servisse como mediador entre os que estão a reivindicar - os funcionários
públicos municipais - e o Executivo Municipal, na tentativa de não deixar que
os ânimos se alterem. Que sirva V.Exa. de mediador, para que se possa, logo em
seguida desse encontro, ter notícias de que o Prefeito Municipal foi sensível
aos anseios do funcionalismo e que V.Exa. atendeu, portanto, à reivindicação dessa
sofrida classe, que são os funcionários públicos municipais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de
Liderança do PDT, o Ver. Kenny Braga.
O SR. KENNY BRAGA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, a greve, obviamente, é um direito universal dos trabalhadores e não
colide com os fundamentos e os pressupostos da democracia! Portanto, eu não
sou, nem poderia ser, contra o direito de greve. Eu sou contra o desvirtuamento
da greve, quando ela deixa de ser um instrumento de defesa da classe
trabalhadora para ser objeto de manipulação de interesses politico-partidários.
Quando a greve descamba para o radicalismo inconseqüente, para o radicalismo
cego e irracional, ela se torna um perigoso instrumento nas mãos dos que
desejam a destruição da democracia. E, infelizmente, o que se assiste hoje no
Brasil é à exacerbação do direito de greve, é ao crescimento do radicalismo com
forte conotação político-partidária, que poderá nos levar a uma crise sem
procedentes na historia da República. O que vem ocorrendo aqui em Porto Alegre,
nas últimas horas, confirma as minhas preocupações. As reivindicações dos
funcionários públicos estão sendo usadas por grupos minoritários, que desejam o
confronto e a baderna. Estes grupos, querem agitar, aviltar e, em última
análise, jogar a Administração Alceu Collares num beco sem saída, onde aliás se
encontrava a administração do Sr. Pedro Simon, em nível do Estado. Eu chamo a
atenção dos Vereadores responsáveis desta Casa para a tentativa de sabotagem no
fornecimento de água à população e nos danos causados deliberadamente ao
sistema de trânsito com a interrupção de diversas sinaleiras. A administração
de Porto Alegre precisa, nesta hora, de respaldo político para realizar o
bem-comum, contra a agitação estéril e inconseqüente de quem aposta no quanto
pior melhor. A Administração de Porto Alegre tem responsabilidade com a maioria
e, por isto mesmo, não pode ceder à selvageria de grupos minoritários, que
agride o patrimônio público e que desrespeita as autoridades. Saibam todos
quantos ouvirem e lerem este pronunciamento que a administração do PDT não se
deixará intimidar e que o Município jamais será levado à falência sob a
responsabilidade da administração trabalhista e socialista de Porto Alegre.
Greve sim. Baderna, bagunça e anarquia não! E preciso que não se confunda
coerência com medo e prudência com inação. A administração municipal, que
governa para todos os porto-alegrenses, não será mobilizada pelo radicalismo
insano de algumas lideranças equivocadas. Porto Alegre é maior, é muito maior,
do que a agitação setorial, do que o apetite salarial setorial e do que as
reivindicações exageradas que, evidentemente, são muito maiores do que as
disponibilidades do erário publico municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PFL. Ver.
Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores. O Secretário da Indústria e Comércio do Município, Ver. Nereu
D'Ávila, esteve almoçando na Associação Comercial de Porto Alegre no dia 15 de
abril e, no dia 16 de abril, estouraram as manchetes nos jornais com a
entrevista coletiva que é feita de praxe, antes dos almoços de quarta-feira na
Associação Comercial. Trago aqui o boletim semanal da Associação, órfão oficial
da Associação Comercial de Porto Alegre e da FEDERASUL, em circulação no dia 20
de abril, onde, como manchete de capa, se lê: “Secretário promete solução para
o comércio ambulante de Porto Alegre”. Na verdade, o Sr. Secretário, naquele
dia, sentado eu que estava junto com a Ver.ª Teresinha Irigaray, ao lado do
palestrante, o Ver. Nereu D'Ávila, na Associação Comercial, o Vereador foi
absolutamente claro, questionado por várias perguntas durante o almoço, de que
o prazo para a solução do problema do Centro da Cidade era para o dia 30 de
abril. O jornal informa que o Secretário Nereu D'Ávila declarou que, num prazo
de 15 dias - somados 15 dias à data do almoço, que foi dia 15, é 30 -, mas
especificamente o Secretário, ao responder a pergunta, declarou: “O prazo é 30
dias”. E 30 dias é 30, porque todos, segundo o Secretário afirmava aos
presentes ao almoço, “conhecem a mim e ao meu passado”. Portanto, o prazo para
a solução do centro da cidade é dia 30 de abril.
Ora, Sr.ª Presidente e Srs. Vereadores, não venho aqui cobrar, no dia
12 de maior, sabendo que o Município está as voltas com uma greve e com
inúmeros problemas que certamente devem ser taxados e deverão ser taxados de
mais importantes hoje, a solução para o problema do centro da cidade. Mas
estou, isto sim, a cobrar... Já dizia o Ver. Raul Casa, há poucos dias,
particularmente, de calendário na mão, em primeiro lugar, que, no dia 30,
segundo me consta, o Município não estava em greve, os municipários não estavam
em greve, que até o dia 30 não houve solução por parte do Executivo
Municipal. Passada a greve, usarei a
tribuna, se possível, e dentro dos prazos que me forem concedidos
regimentalmente, todos os dias para cobrar a palavra do Secretário da Indústria
e Comércio do Município, palavra esta dada quando foi apenas consultado no
almoço da FEDERASUL, da Federação Comercial. Apenas lhe foi perguntado. Quem
deu o prazo foi o Secretário Nereu D'Ávila, que ainda aduziu, independente...
(Apartes paralelos.)
Não estou falando - quero deixar bem claro - em nome da Ver.ª Bernadete
Vidal, até porque minha companheira de Bancada não ouviu o inicio do meu
pronunciamento. Estou apenas a cobrar não os problemas dos ambulantes, mas os
problemas do centro da cidade. Não fui eu que dei prazo. Quero cobrar a palavra
do Sr. Secretário da Indústria e Comércio, que não pode - como ele mesmo disse
que todos conhecem o seu passado - dar a palavra perante o almoço da Associação
Comercial de Porto Alegre, sem ter-lhe pedido o prazo, e agora não cumprir, sob
pena de ter que vir a público dizer que não cumpriu a sua palavra ou seu algo
mais existe para que ele não cumpra, até porque, Ver.ª Bernadete Vidal, leia o
que disse no boletim da Associação Comercial, que está transcrito como palavras
do Secretário Nereu D'Ávila. Ele disse: “Independe da Câmara de Vereadores, que
requereu a responsabilidade da coordenação dos estudos. Se a Câmara não der um
parecer final a respeito da Secretaria, o Prefeito e o Sindicato dos Ambulantes
tomarão a decisão para solucionar o número excessivo do comércio ambulante
existente na zona central. Portanto, não estou cobrando nem retirada nem
reordenação. Estou cobrando a afirmação do Secretário Nereu D'Ávila, Vereador
de Porto Alegre, que disse que, independente da Câmara, daria uma solução no
dia 30 de abril. Isto é o que estou cobrando. Não emiti, em nenhum momento, até
por ética e por estar em tempo de Liderança, nenhum conceito - os Vereadores
que estão aqui são provas - a favor ou contra. Inclusive, todos estão sabendo,
de antemão, meu posicionamento sobre o centro da cidade até porque o meu
posicionamento é idêntico ao de qualquer porto-alegrense. O centro da cidade é
um verdadeiro inferno à disposição do porto-alegrense, mas daí até tomar as
atitudes e quais são as atitudes a serem tomadas é que estou cobrando como
palavra dada em manchete pelo Secretário Nereu D'Ávila. Vamos aguardar o final
da greve, que esperamos o mais rápido possível possa estar solucionada, para
que nós possamos ter um bom andamento do serviço público no Município.
Encerro, Sra. Presidente, mas logo depois usarei os meus tempos para,
dentro daquilo que me é permitido, expressar, dizer o que acho, mas certamente
usarei todos os tempos necessários e possíveis para cobrar a palavra dada, que
já se esgotou há 12 longos dias sem que nada fosse feito. Era isso, Sra.
Presidente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Com a
palavra, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores. Só a título de lembrança, o Banco Central da República, cujo
titular é do PMDB, seguindo orientação do Ministro da Fazenda, que é do PMDB,
que segue a política econômica, que é do PMDB, está captando recursos hoje no
mercado aberto a 45,5% ao mês. Não há na história do Brasil taxa que chegasse a
2/3 do que está sendo cobrado hoje. Aonde nós vamos parar? Quem é que está
ganhando com isto? Lembro-me que há uns quatro anos ou três, mais ou menos,
visitava um pequeno empresário da construção civil em Porto Alegre - naquela
época, o Sulbrasileiro, ainda não tinha quebrado - e, quando cheguei, ele
estava ao telefone. Esperei que terminasse a ligação. Ao cumprimentá-lo, ele
disse assim: “Acabei de transferir um dinheirinho que estava sobrando do
Bradesco para o Sulbrasileiro, porque o Sulbrasileiro está pagando 22% pela
taxa do “over” no dia de hoje”. E ele considerava um escândalo aquilo ali. Mas
ele dizia: “Eu tenho que pagar meus funcionários no fim do mês. Recebi, ontem,
uma parte do dinheiro de uma obra que estou fazendo. Não posso deixar esse
dinheiro parado”. Então, se há três anos e alguns meses se apavoravam por ver
23%... Telefonei-lhe hoje, pela manhã - não o encontrei -, porque queria saber
a sua opinião, ele, que é um fanático da Nova República, porque queria saber o
que pensava, se o Banco Central não está fazendo especulação. A LBC, a Letra do
Banco Central, está pagando, hoje, 45.5% no “over”. Eu não sei aonde nós vamos
parar. Daqui a pouco o Sr. Prefeito Municipal vai receber uma comissão de
lideranças desta Casa - a nossa Bancada estará representada pelo nobre Ver.
Carlos Rafael dos Santos - e dos funcionários em greve na busca de uma
alternativa. Eu, pessoalmente, hoje pela manhã, manifestei a minha posição de
que deveríamos ir amanhã, e não hoje, mas fui voto vencido, e eu acato a
decisão dos outros, porque tenho por norma, Ver. Frederico Barbosa, acatar a
decisão dos outros. Não chamo ninguém de traidor, porque acho que cada um dá a
opinião que acha que é certa. Então, a nossa Bancada está lá, hoje, participando
dessa reunião, na busca de uma alternativa, porque há uma questão lógica, Ver.
Kenny Braga: a cidade não pode continuar mais na situação em que se encontra.
As sinaleiras da cidade estão quase todas apagadas; há falta de água em alguns
lugares. Então, Ver. Kenny Braga, V.Exa. falou aqui na administração socialista
da cidade, mas eu queria lançar um repto: quem sabe a administração socialista
da cidade deixa os princípios socialistas de lado e aplica a política
conservadora do PDS, porque o Prefeito João Dib, quando estava no poder, dava
um piso mínimo de um salário mínimo e meio. “Isso é política conservadora; o
PDS é um partido conservador; Prefeito nomeado, contra o funcionário”. Pois o
Prefeito eleito, da administração socialista, conseguiu socializar a
diminuição. Socializou como cola de cavalo: para baixo. Hoje o funcionário
ganha um básico de 1.25. Então, dizíamos hoje pela manhã para os funcionários
que a luta por dois salário mínimos é ótima, mas acho que mais importante que
isso é tentar buscar a política conservadora do PDS, que dava um piso de um e
meio. E isso, Ver. Kenny Braga, com o aumento de impostos dentro do que a lei
permitia, e não esse aumento ilegal que o Prefeito Alceu Collares deu e que
está cobrando graças a uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal, que
vamos ainda, se Deus quiser, ter uma conversa antes do fim do ano. Mas eu
concordo com V.Exa. num ponto: assim como está não deve continuar. E eu, ontem,
era contra que se boicotasse, que se fizesse sabotagem. Hoje continuo contra.
Eu sou coerente. Neste ponto ninguém pode cobrar nada de mim. E vou mais longe:
eu acho que o patrimônio público não pode ser depredado. O Prefeito tem que
abrir sindicância e punir os responsáveis. Tem que ser posto para rua e talvez
até ir para a cadeia, porque não se pode brincar com a água, por exemplo, o
Pronto Socorro, os postos de saúde. Agora, acho que a administração socialista
da cidade tem que abrir um pouco a mão. Está muito munheca este socialismo aí.
Mão fechada chama-se munheca.
Então, eu proponho que se adote a política conservadora do PDS, já que
a política socialista reduz os salários. Ou, quem sabe, nós façamos um
plebiscito entre os funcionários para ver o que eles preferem, a política
conservadora do PDS ou a política socialista do PDT. Se é esta a questão, tem
que ser cobrada, levantada.
Eu participei de muita comissão partidária do lado de lá e lutei,
ajudei na medida do possível. Não sou responsável por nenhum benefício, mas
ajudei na medida do possível para que o funcionário público conseguisse um teto
salarial maior do que ele tem hoje, que, lamentavelmente, a administração do
partido de V.Exa., com mil e uma alegações, terminou reduzindo. Nós não tivemos
aumento de funcionários, mas a arrecadação está aumentando muito mais do que se
aumentava. E eu acho que realmente o Prefeito tem que abrir um pouco a mão.
Agora, é fundamental que se resolva este impasse. Não pode mais continuar
assim, porque pode acontecer que a Cidade, que não tem nada a ver com esta
história, o munícipe, que paga imposto religiosamente - aliás, paga um imposto
caro para burro -, este é que vai sofrer.
E quero alertar para uma questão muito importante. Esta suposta
solicitação da argüição da inconstitucionalidade da lei dos professores, nobre
Ver. Nilton Comin, vai respingar nos municipários também, porque o salário dos
municipários, por lei, é vinculado ao salário mínimo. Mas vou mais longe: todos
os salários profissionais, dos médicos, do engenheiro, do jornalista, são
vinculados ao salário mínimo, e o Tribunal não age em caso específico, o
Tribunal só age em tese. Se ele disser que é ilegal a vinculação de salários
com o salário mínimo, prepare os seus amigos lá na Rádio Gaúcha, Vereador: vai
cair o salário profissional dos jornalistas. Cairão os salários dos
jornalistas, dos professores, dos engenheiros, dos agrônomos, dos veterinários,
etc., etc., e dos municipários também, que é pequeno, baixo, mas também é
vinculado ao salário.
Por isso, Ver.ª Gladis Mantelli, agradecendo a condescendência de
V.Exa., eu não acredito que o PMDB faria isso, porque se fizer isso, estará
dando um tiro que lhe sairá pela culatra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convido os Srs. Vereadores
para a Sessão Solene a seguir.
(Levanta-se a Sessão às 15h30min.)
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